O lago Tanganyika

Vamos falar um pouco sobre o lago Tanganyika, sua geografia, localização, história e principalmente sua fauna e flora. Antes de conhecer os ciclídeos deste lago, vamos estudar um pouco sua terra natal (ou melhor, água natal).
O lago Tanganyika é o segundo maior lago da África e é dividido em quatro países, são eles a Tanzânia, República Democrática do Congo, Burundi e Zâmbia. O Lago está localizado na parte meridional da África, que também compõe o chamado Complexo ou Sistema Great Rift Valley. Em comparação com o Lago Malawi e o Victoria, o Lago Tanganyika encontra-se mais a oeste.  Está a uma altitude aproximada de 700 metros acima do nível do mar. O Lago Tanganyika  destaca-se pela sua extraordinária extensão, de norte a sul, correspondente a mais ou menos 680 Km. Sendo o mais comprido do mundo. O tamanho de sua linha costeira é de 1900 Km. É o 7° Lago mais largo no mundo, tendo em média 72 km de largura. Possui uma área de superfície aproximada de 33000 Km².
É o segundo Lago mais profundo do mundo, depois do Lago Baikal na Rússia, é o mais profundo da África, alcançando uma profundidade máxima correspondente a 1470 metros e uma média correspondente a 572 metros. Tem 17800 Km³ de volume. 1/6 da água doce da Terra encontra-se somente nesse Lago. Devido à sua enorme profundidade e localização tropical, as águas do lago não sofrem a viragem sazonal própria dos lagos das regiões frias e, como consequência, as suas águas profundas são consideradas “água fóssil” e são anóxicas (sem oxigênio), e muito alto em sulfeto de hidrogênio, quase impossível para suportar a vida. Esta "água fóssil" pode ter a idade de 20 milhões de anos.

Os rios mais importantes que correm para o lago são o rio Malagarasi, o rio Ruzizi e o rio Kalambo. Todos os rios, exceto um, o Lukuga, deságuam dentro do Lago Tanganyika. Esse Rio Lukuga, é o único local de vazão do Lago. O Rio Lukuga inicia-se na metade da costa oeste, fluí a partir daí para oeste, para juntar-se ao Rio Zaire e escoar no Atlântico. Por este motivo, ou seja, pelo fato de que o Lago Tanganyika tem, ao mesmo tempo, inúmeros rios desaguando nas suas águas e apenas um único lugar para o seu escoamento, elevados níveis minerais permanecem nele.
Podemos concluir, a princípio, que há mais água a entrar no Lago Tanganyika do que a sair... Contudo, existe a evaporação: 95% da água que sai do Lago Tanganyika dá-se através da evaporação. Porém, pela evaporação, não é possível “liberar” minerais. Desta forma, eles acumulam-se no Lago Tanganyika, somente conseguindo ser libertados através do Lago Lukuga. Conclusão: existem mais minerais a entrar do que a sair, por isto a afirmação com relação a encontrarmos altos níveis minerais no Lago.
Em torno do Lago Tanganyika encontramos um relevo, que em geral, é composto por montanhas e rochas. Estas, facilmente alcançam alturas de 2000m. Pobre é o desenvolvimento da planície costeira deste Lago, com exceção do lado leste. 
O Lago Tanganyika é o menos acessível dos 3 grandes Lagos que compõem o Complexo Great Rift Valley, pois o caminho que leva a ele é mínimo. A sua origem é muito antiga entre 7 a 12 milhões de anos, competindo apenas com o Lago Baikal na Rússia. Como já foi dito o Lago Tanganyika formou-se a milhões de anos atrás, muito antes do Lago Malawi ou Victoria (que também são milenares), quando um poderoso vulcão ativo na região causou bruscas deslocações na crosta da terra. Por consequência, foram promovidas inúmeras fendas neste solo. Tais fendas, hoje, são conhecidas como Rifts.

Através dos milênios, essas fendas foram preenchidas com água proveniente de inúmeras correntes e rios, formando assim, o Tanganyika. Devido a sua antiguidade, o Lago Tanganyika passou por um longo período de isolamento, antes mesmo da existência da raça humana, resultando no fato de que um grande número de organismos nativos evoluiu nele. Como por exemplo: mais de 200 espécies de peixes, crustáceos (tais como o Platytelphusa Armata, e mais umas 8 espécies de caranguejos e umas 15 espécies de camarões), umas 60 espécies de moluscos (tais como o Grandideria Burtoni, Brazzaea Anceyi, Tiphobia Horei, Bythoceras Iridescens, Paramelania Domoni), esponjas, pelo menos uma espécie de cobra d’água, alguns gastrópodes, zooplankton (Cyclops, Diaptomus Simplex, Limnochida Tanganika), etc.

A fauna, devido à idade do Lago, é absolutamente diversa, em relação à escala da história da evolução atual, dos Lagos Victoria e Malawi. Os peixes de maior e menor tamanho são da família dos Ciclídeos, e todos são endêmicos do Lago Tanganyika. Das mais de 200 espécies de peixes nativos no Lago, por volta de 176 são endêmicos. E dentro deste número de endêmicos, por volta de 30 gêneros são formados por Ciclídeos e 8 por não Ciclídeos. Os Ciclídeos, contudo, foram os que mais colonizaram o Lago. Tal como o Lago Malawi, o Lago Tanganica é extremamente antigo e a combinação da sua idade e isolamento ecológico levou à evolução de populações únicas de peixes. Uma vez que novas espécies estão sendo descobertas continuamente nestes notáveis ​​lagos, é difícil determinar qual tem a maior diversidade, mas eles pelo menos compartilham a distinção de serem os dois principais lagos do mundo em termos de biodiversidade, enquanto o Lago Tanganica tem a mais alta proporção de endemicidade, concentrada principalmente nas águas zambianas do lago.

O Projeto de Biodiversidade do Lago Tanganica foi criado para assegurar que sua diversidade biológica seja mantida. O objetivo do projeto é produzir um sistema efetivo e sustentável para a gestão e conservação da biodiversidade do Lago. Como o Lago Tanganica é uma fronteira para quatro países, Zâmbia, Burundi, República Democrática do Congo, o sucesso do projeto dependerá de quão bem esses países trabalham juntos. O projeto que começou em 1995 chega ao fim em 2000 e é financiado pelo Fundo Global para o Meio Ambiente através do Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD).

Espécies de particular importância incluem o Periquito-do-Nilo (Lates angustifrons) e o Pequeno Nilo Perch (Luciolates stappersii) que são importantes espécies comerciais e de pesca esportiva (que é a pesca), Tigre Golias (Hydrocynus goliath) e o Peixe Inglês ou Yellow Lake Tanganyika. barriga (Boulengerochromis microlepis) que são importantes espécies de pesca (a última sendo especialmente valorizada por sua boa alimentação), a Kapenta (Limnothrissa miodon), que é uma importante fonte de proteína de peixe na Zâmbia, o raro Bichir (Polypterus congicus), e uma grande variedade de ciclídeos endêmicos. Biologicamente Único.
Para além de ser um excelente meio de comunicação entre os países e povoações ribeirinhas, o Lago Tanganica é rico em peixes, sendo uma importante fonte de proteínas para os povos da região. Estima-se que cerca de 45 mil pessoas estejam diretamente envolvidas nas pescarias, operando de quase 800 centros de pesca; no entanto, pensa-se que mais de um milhão de pessoas dependam desta atividade.
seu vasto mar interior foi divulgado pela primeira vez ao mundo europeu em meados dos anos 1800 pelos exploradores ingleses Richard Burton e John Speke. Eles a perseguiram como a fonte do Nilo, chegando às suas margens em fevereiro de 1858, apenas para descobrir que o rio Ruzizi no norte, que eles pensavam ser o Nilo, fluía para dentro e não para fora do lago
A pesca esportiva é muito popular aqui e capturas incluem o peixe-tigre Golias e poleiro do Nilo. Os crocodilos habitam a maior parte da costa, exceto em torno de Mpulungu, provavelmente devido ao barulho de pessoas e lanchas. Nadar no lago (na área de Mpulungu apenas!) É um deleite absoluto. Água morna, límpida e sem sal, que muda da serenidade sedosa para ondas altas para uma grande ressaca corporal - geralmente sem razão aparente para a mudança. As tempestades do norte provavelmente causam agitação nas águas paradas do sul.
O Lago Tanganica tem uma temperatura notavelmente uniforme, cerca de 25º C. As regiões inferiores são apenas meros 3 ° C  mais frias que a superfície. A razão para esse estranho fenômeno ainda precisa ser descoberta.

Observação interessante:
Qualquer forma de vida que viva no Lago Tanganyika, mesmo que não lhe seja endêmica, por fim terminará, vamos dizer assim, por receber esta denominação. E o que quer dizer isto? Quer dizer que espécies que até agora se agregaram ao Lago Tanganyika, acabaram tornando-se parte integrante de seu ecossistema, ao invés de simplesmente tornarem-se agentes causadores de desestabilização, como geralmente ocorre em outros lagos. Tal característica do Lago Tanganyika não será encontrada em nenhum outro lugar do mundo.

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